quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Devaneios sobre som e a física quântica.

          Vos pergunto, uma explosão fará algum som se não houver ninguém para ouvir? Para  responder está pergunta, uma definição, do que é o som, deverá ser explicitada, e só assim partiremos para uma resposta afirmativa ou negativa. No entanto não é a intenção deste texto definir palavras e sim falar de física, então vamos voltar um pouco no tempo e, em fim, chegar nesta resposta por um ângulo da mecânica.

          Após as publicações de Einstein, em 1905, uma nova revolução deu inicio no mundo cientifico, afinal o homem dissera que uma entidade já comprovada como onda, possuía um comportamento de partícula em determinados momentos. Porém, a discussão só aumentou quando em 1914 Robert Millikan, um já consagrado físico experimentalista, conseguiu determinar a razão carga/massa de um elétron usando as mesmas teorias, e quando, por fim, em 1923 Arthur Compton com seu experimento com raio-X mostrará que de fato seus dados obtidos só poderiam ser descritos pela nova mecânica de Einstein e Planck.
          O problema era que não se podia simplesmente abandonar a ideia de comportamento ondulatório da luz, pois somente através deste preceito é que as teorias de electromagnetismo de Maxwell haviam fundamento e como explicar o experimento de Young, o da dupla fenda, sem atribuir o carácter de onda? A única solução obtida foi a de atribuir a radiação eletromagnética, a luz, ao carácter dual, ou seja, a luz é de fato onda e partícula ao mesmo tempo.
          No entanto, na mesma época, um outro problema existia, mas neste caso era voltado para a matéria. Bohr conseguira, com seu modelo atômico, definir vários conceitos ao olhos da química, porém, principalmente aos olhos da física possuía serias deficiências e limitações, ele postulou as quantizações das orbitas dos elétrons e suas energias, mas não explicava o que de fato fazia isso ocorrer. Porque um elétron só podia ficar em uma determinada orbita?
Foi então que, o jovem, Louise de Broglie percebeu que na natureza tudo que possui um padrão de quantização, como o postulado por Bohr, eram fenômenos ondulatórios, e como já haviam dito que uma entidade por definição ondulatória poderia se comportar como partícula, porque uma partícula, por definição, não poderia se comportar como uma onda?
De Broglie teorizou então, que da mesma forma que se podia associar um momento a uma onda, o que até então era exclusividade de uma partícula, usando a formula:
$p=\frac{h}{\lambda}$
onde p era o momento, h a constante de planck e $\lambda$ era o comprimento da onda.
Podia-se achar o comprimento da onda $\lambda$ de uma partícula, apenas colocando $\lambda$ em evidência na equação de Einstein:
$\lambda=\frac{h}{p}$
         Assim, Louis associava um elétron, também, a uma onda e na defesa de seu doutorado disse que sua ideia poderia ser verificada projetando-se um feixe de elétrons sobre um cristal, o que causaria difração como o esperado em uma onda. Este experimento, foi realizado no futuro e mostrou que ele estava correto.

          Mas então, o elétron é uma partícula/onda, a luz é uma onda/partícula e o que isso tudo tem haver com a explosão e o som? Bom, como disse, não vamos entrar em um debate filosófico a respeito do significado da palavra som, vamos apenas considerar que para esta linha de raciocínio o som seja a informação traduzida de uma onda sonora, neste caso logo concluímos que não, a onda sonora de uma explosão não se transformara em som se não existir alguém, ou algo, para ouvi-la, mas o que isso tem haver como física quântica?

Vamos pensar em toda a historia do som da explosão, ok? Como a explosão libera muita energia, ela expulsa o ar em sua volta, criando um vácuo aparente, porem a natureza odeia vácuo e no mesmo instante, o ar tende a retomar seu lugar, isto causa uma onda, da mesma forma que se jogarmos uma pedra em uma piscina, causará uma onda na água. Esta onda viaja até nossos ouvidos, onde fazem vibrar dois ossinhos minúsculos, que convertem a vibração causada pela onda em estímulos elétricos. Este estímulos chegam ao nosso cérebro onde, em fim, são traduzidos para o bom e velho som.
          Seguindo este pensamento, podemos descrever toda está ação como, uma onda sonora que ao entrar em contato conosco é transfigurada em informação sonora, que podemos chamar de som, ou seja, o som se torna um pacote de informação, que nosso cérebro traduz no barulho. Se pensarmos na luz como uma onda, assim como a sonora, que quando solicitada se transforma em um pacote de informação, chamados fótons. Dessa forma se pensarmos em som e fótons como pacotes de informação e pacotes de informação como partículas, a mudança da configuração da onda de luz, em fóton, em um metal seria como a conversão da onda sonora em som em nós, de uma forma bem simplifica.
          O que acontece é que os elétrons, ou podemos chama-los de matéria já que toda matéria é constituída deles, também podem ser exemplificados como no caso do Som e da Luz, um elétron é uma onda que vaga por todo o espaço, mas quando solicitado ele colapsa em um único pacote de informação.
           Pense na tua mão, a aproxime de uma superfície, bem lentamente, imagine que todos os elétrons que apontam na palma da sua mão de fato estão ali e em todos os lugares possíveis, assim como a luz ocupa todo um comodo, os elétrons da tua mão ocupam todo o espaço, da mesma forma que os elétrons da superfície do seu alvo. Quando você finalmente encosta tua mão no alvo, esses elétrons se colapsam em pacotes de informação, partículas com carga negativa, e como sabemos polos iguais se repelem, assim tua mão esbarra no alvo e não o atravessa, pois os elétrons estão se repelindo, como disse Newton, com a mesma força que você os tenta juntar, assim tua mão nunca irá ocupar o mesmo lugar, ao mesmo tempo, do alvo, mesmo que os elétrons os façam separadamente antes de se colapsarem.
        Se pensarmos que em uma onda de luz seja uma união de fótons, quando detectamos apenas um deles em determinado lugar e não em outro, podemos dizer então que temos uma certa probabilidade de encontrarmos um fóton de uma determinada onda de luz em um determinado lugar, o mesmo acontece com elétrons, no exemplo da sua mão, não ha certeza de que cada elétron individualmente irá se colapsar, o que ocorre é que como há um numero gigante de elétrons na palma de sua mão a probabilidade vai a uma margem de quase 100%, em termos óbvios podemos até considerar que seja de 100%, no entanto, se diminuirmos o numero de elétrons esta probabilidade tenderá a diminuir na mesma proporção.
           
Com está ideia Schrödinger desenvolveu suas equações, onde conseguia achar a probabilidade do local que cada eléctron de uma determinada molécula estaria, assim ele formulou que para uma função dependente do tempo:
$\Psi(x,y,z,t)$

para uma função não dependente do tempo:

$\Psi(x,y,z)e^{-i\omega t}$

Assim, se tomarmos a molécula livre, ou seja, com uma velocidade constante em apenas uma coordenada (x), para sabermos sua localização no eixo basta resolver:

$\frac{d^2}{dx^2}+\frac{8\pi ^2 m}{h^2}[E-U(x)]\Psi=0$

No entanto como dissemos que a molécula era livre, logo possui apenas energia cinética,então podemos substituir $[E-U(x)]$ por apenas $\frac{mv^2}{2}$ assim:

$\frac{d^2}{dx^2}+\frac{8\pi ^2 m}{h^2}\frac{mv^2}{2}\Psi=0$


$\frac{d^2}{dx^2}+(\frac{2\pi mv}{h})^2\Psi=0$

como $p=mv$:

$\frac{d^2}{dx^2}+(\frac{2\pi p}{h})^2\Psi=0$

De Broglie definiu que $\lambda = \frac{h}{p}$, logo $\frac{p}{h}=\frac{1}{\lambda} $:

$\frac{d^2}{dx^2}+(\frac{2\pi}{\lambda})^2\Psi=0$

Sabemos que $\frac{2\pi}{\lambda}=k$, uma constante:

$\frac{d^2}{dx^2}+k^2\Psi=0$


$\frac{d^2}{dx^2}=-k^2\Psi$

Assim concluirmos que a equação para uma molécula livre apenas no eixo x, se resume a uma função cuja sua segunda derivada seja igual a menos uma constante ao quadrado vezes a própria função, então podemos dizer que:
 $\Psi=Ae^{ikx} + Be^{-ikx}$
onde A e B são constantes 
Dependente do tempo:

$\Psi(x,t)=\Psi(x)e^{-i\omega t}=(Ae^{ikx} + Be^{-ikx})e^{-i\omega t}$

Simplificando:

$\Psi(x,t)=Ae^{i(kx-\omega t)} + Be^{-i(kx-\omega t)}$

Como dissemos que a molécula se movimenta em apenas no eixo X, podemos considerar B = 0

$\Psi(x,t)=Ae^{i(kx-\omega t)}$

Como queremos a densidade de probabilidade de encontrarmos o eléctron, temos que considerar $\Psi$ como sendo $| \Psi|^2$ logo:

$| \Psi|^2 = |Ae^{i(kx-\omega t)}|^2 $

Simplificando e :

$|e^{ikx}|^2 = (e^{ikx})(e^{ikx})^* =e^{ikx}e^{-ikx} =e^{ikx-ikx}=e^0=1$

assim chegamos a:
$|\Psi|^2=(A^2)|1|^2 = A ^ 2$

       Como definimos o A sendo uma constante, a função de $| \Psi|^2$ será constante também, logo concluímos que a chance do eléctron ser encontrado em qualquer lugar do eixo x será a mesma, ou seja, não fazemos ideia de onde ele possa estar (rsrs). 
       Com está afirmação Heisenberg descreveu seu postulado da indeterminação. Onde, ele afirma ser impossível saber a localização (x) do eléctron e seu momento (p) ao mesmo tempo e portanto,  tomando:

$\hslash \simeq 1,05\times10^{34}$


Temos:


$\Delta x . \Delta px \geq \hslash$
$\Delta y . \Delta py \geq \hslash$
$\Delta z . \Delta pz \geq \hslash$

Para que soubéssemos a localização e o momento (velocidade) do eléctron ao mesmo tempo, com precisão, implicaria em  $\Delta x =(x_f - x_i)=0$, o que resultaria em $\Delta x \times \Delta p =0$, como sabemos que o resultado nunca poderá chegar a $0$ pelo postulado de Heisenberg, se torna impossível obtermos este dois resultados, se tentarmos o mais próximos que chegarias seria de o $\hslash$, ou seja, não seria preciso.